segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Programação da recepção de calouros

Apresentação do projeto da recepção de calouros

 A cada início de ano letivo, observamos notícias negativas veiculadas nos meios de comunicação de massa relacionadas ao ingresso dos alunos nas Instituições de Ensino Superior (IES). O consumo excessivo de bebidas alcoólicas e drogas, violações aos Direitos Humanos, violência física e mental, opressões contra os estudantes - e até mesmo mortes -, tudo isso é causado pelos trotes aplicados pelos "veteranos". É claro que os meios de comunicação usam esses fatos de forma sensacionalista, criminalizando o movimento estudantil. Contudo, não devemos nos prender à forma pela qual essas notícias são veiculadas, mas aos fatos.

A concepção de "simples brincadeira" e/ou "momento de interação" entre os estudantes já inseridos nas universidades e os recém chegados se torna ultrapassada quando contestamos a história e a essência do trote - ou mesmo quando analisamos a etimologia da palavra.

O surgimento do trote está ligado à universidade da Europa Medieval. A ideologia da época era a feudal, que dividia a sociedade em classes "inferiores" e "superiores", sendo o trote uma maneira de reproduzir essa submissão entre os "calouros" e "veteranos". Desde o início dessa história, portanto, existe uma elitização entre os estudantes e uma verticalidade absurda em suas relações sociais.

Esses freqüentes abusos - que poderiam ser substituídos por momentos de verdadeira integração entre as/os alunos - acabam afetando as futuras relações de convivência entre as/os estudantes. O trote, infelizmente, tornou-se cultural, sendo reproduzido a cada ano pelos universitários. Esse ciclo tem que acabar e uma nova cultura de integração acadêmica deve ser criada.

Portanto, o Diretório Central das/dos Estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul vem, por meio desse projeto, colocar seu posicionamento contrário a essa prática retrógrada.

Inicialmente, para combater essa violação e criar uma nova cultura de recepção estudantil, propomos algumas atividades anexas no final deste pré-projeto.

As atividades apresentadas são de cunho cultural e político, com shows de artistas locais, divulgação de um material gráfico explicando os graves problemas que o trote nos traz e até mesmo uma Aula Magna com o tema: “Combate às opressões, pelo fim do trote violento”, com a Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Excelentíssima Srª Iriny Lopes e o Assessor de Juventude da Universidade de Brasília, Rafael Barbosa de Moraes.

Temos consciência de que o projeto contra o trote receberá críticas por parte de um setor estudantil, inclusive de pais que encaram essa prática como “normal”. Neste sentido, nossa campanha terá um caráter educador e pedagógico, combatendo as diversas formas de opressão, explicitando o caráter de dominação do “mais instruído” sobre o “menos instruído”. E, para os que acham que o trote é umas simples brincadeira, encerramos nosso pré-projeto com uma frase de Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido: "na verdade, o que pretendem os opressores é transformar a mentalidade dos oprimidos e não a situação que os oprime, e isto para que, melhor adaptando-os a esta situação, melhor os domine".

A universidade deve formar para a vida e ser instrumento de transformações sociais profundas diante da realidade em que vivemos. Uma instituição radicalmente democrática, participativa, integradora e popular.

Pantleto da recepção de calouros